Dária Dúgina, jornalista nacionalista russa, foi assassinada no dia 20 de agosto depois que um artefato explosivo destruiu o veículo em que ela se encontrava, nos arredores de Moscou.
O principal suspeito do assassinato é uma ativista neonazista ucraniana chamada Natália Vovk.
Vovk deixou a Ucrânia, junto com a filha, usando passaportes da República de Doniétski. Chegou a Moscou no dia 23 de julho e mudou a placa do automóvel por uma placa do Cazaquistão, república com a qual a Rússia tem boas relações.
Natália Vovk havia alugado um apartamento no mesmo edifício em que Dária Dúgina residia, provavelmente para obter informações sobre a rotina da jornalista.
As câmeras de vigilância do edifício mostram que Vovk, quando ali chegou, tinha cabelos louros; quando saiu, os cabelos estavam pintados de preto.
Logo após o assassinato, Vovk dirigiu-se para a fronteira com a Estônia, usando uma placa ucraniana em seu veículo.
Algumas dúvidas pariam em relação a esse crime.
Primeiro: se o alvo do atentado era realmente Dária ou seu pai, Alexandr Dúgin;
Segundo: se Natália Vovk agiu a soldo do Batalhão de Azov ou a soldo do governo ucraniano;
Terceiro: se houve participação de outro Estado no crime. No entanto, as autoridades russas não divulgaram, até agora, essa suspeita.
Sabe-se que Dária, o pai e a própria Natália estiveram presentes a um festival nacionalista que ocorreu no dia do atentado. É provável que foi durante a festival que a bomba foi acoplada na parte de baixo do veículo, na direção do banco do motorista. No entanto, o veículo pertencia ao pai e não à filha e Alexandr deveria estar no veículo, mas resolveu mudar na última hora, o que nos dá um forte indício de que o alvo era o pai.
Uma foto antiga, publicada nas redes sociais, mostra Natália vestida com um uniforme do Batalhão de Azov, grupo paramilitar que participa na guerra contra a Rússia a soldo de Quieve; ou seja, não se trata mais de um grupo paramilitar, mas de um exército oficial da Ucrânia. O grupo é reconhecidamente neonazista. Apenas agora, a imprensa europeia vem negando esse fato, um fato que ela própria identificou no passado.
No entanto, um grupo ultranacionalista denominado Exército Nacional Republicano reivindica o atentado que teria como alvos o pai e a filha e que Natália teve apenas um papel secundário nisso, que consistiu em infiltrar agentes do grupo. Esse grupo consistiria numa rede de células espalhadas pelo Estado russo com o propósito de desestabilizar o governo.
Ainda que essa explicação seja plausível, não há indícios fortes de que seja verdadeira.
Devido à arquitetura do crime, que demandou uma complexa atividade de preparação e de execução, existe a possibilidade — igualmente plausível, mas à qual o governo russo não faz menção, provavelmente devido a questões diplomáticas — de que o atentado contou com a participação de agências de investigação estrangeiras, não ligadas diretamente à Ucrânia.
Pode ter sido obra direta ou mesmo indireta do serviço secreto britânico, MI6, visto que o ocorrido tenha as pegadas dele. É possível que também tenha sido o MI6, dessa vez diretamente, a implantar os explosivos que destruiu diversas aeronaves em um aeródromo na Crimeia, recentemente.
Tenha sido assim ou não, o fato é que o Reino Unido não assumiria, a Rússia não alardaria até que tivesse provas concretas e a Ucrânia quer eximir-se, mas ao mesmo tempo, deixar no ar que, se não foi ela, pelo menos tem capacidade de fazê-lo.
Mas, nessa altura do campeonato, fazer cócegas no adversário não é uma boa tática.
O fato é que esta nacionalista ucraniana, Natália Vovk, enquanto viver não terá paz; não atravessará uma rua antes de olhar dos lados, não se sentirá segura em nenhum lugar público do mundo e tomará cuidado ao comer e ao tomar banho.